“Massa com molho, arroz e atum”: Músicos da Orquestra do Norte em angústia devido a salários em atraso

Os músicos da Orquestra do Norte, uma das mais prestigiadas instituições culturais de Portugal, estão a enfrentar uma situação de profunda angústia financeira devido ao atraso no pagamento dos salários. Em declarações ao Público, alguns dos artistas revelaram que a situação se tornou tão crítica que estão a ser forçados a sobreviver com refeições básicas, como “massa com molho, arroz e atum”, enquanto aguardam o pagamento que já deveria ter sido feito há meses.
A Orquestra do Norte, sediada no Porto, é conhecida por sua excelência artística e por levar a música clássica a diversas regiões do país. No entanto, a falta de financiamento e os atrasos recorrentes nos salários têm colocado em risco não apenas o bem-estar dos músicos, mas também a continuidade da própria instituição. “Estamos a passar por um momento muito difícil. Há meses que não recebemos o nosso salário completo, e isso está a afetar todas as áreas das nossas vidas”, desabafou um dos músicos, que preferiu manter o anonimato.
A situação tem gerado indignação entre os profissionais, que dedicam anos de estudo e prática para se tornarem músicos de orquestra, apenas para se verem confrontados com a incerteza financeira. “Temos famílias para sustentar, contas para pagar, e não sabemos quando vamos receber o próximo salário. É desesperante”, acrescentou outro membro da orquestra.
A direção da Orquestra do Norte reconheceu o problema e atribuiu a situação à falta de verbas por parte das entidades financiadoras, incluindo o Ministério da Cultura e autarquias locais. “Estamos a fazer todos os esforços para resolver esta situação o mais rapidamente possível. A Orquestra do Norte é uma instituição fundamental para a cultura portuguesa, e não podemos deixar que desapareça”, afirmou um representante da direção.
Enquanto isso, os músicos continuam a ensaiar e a realizar concertos, muitas vezes sem saber se serão remunerados pelo seu trabalho. “A música é a nossa paixão, mas também é o nosso sustento. Não é justo que tenhamos de escolher entre as duas coisas”, lamentou uma violinista.
A situação da Orquestra do Norte não é isolada. Outras instituições culturais em Portugal têm enfrentado dificuldades semelhantes, com cortes de financiamento e atrasos nos pagamentos a tornarem-se cada vez mais comuns. Este cenário tem levantado preocupações sobre o futuro da cultura no país, especialmente em setores que dependem de apoio público para sobreviver.
A comunidade artística e os amantes da música clássica têm manifestado solidariedade com os músicos da Orquestra do Norte, organizando campanhas de apoio e pressionando as autoridades para que resolvam a situação. “A cultura não pode ser tratada como um luxo. É uma necessidade, e os artistas merecem respeito e condições dignas para trabalhar”, afirmou um apoiante nas redes sociais.
Enquanto aguardam uma solução, os músicos da Orquestra do Norte continuam a tocar, levando a sua arte ao público, mesmo que isso signifique, por enquanto, sobreviver com refeições simples e a esperança de dias melhores. A sua luta é um alerta para a importância de valorizar e preservar as instituições culturais que enriquecem a vida de todos.