Saída de Carlos Tavares da Stellantis Gera Polêmica com Indenização de 23,1 Milhões de Euros

O pacote de remuneração milionário do ex-presidente executivo Carlos Tavares, que deixou o comando da Stellantis no final de 2024, foi alvo de forte contestação por parte dos acionistas durante a assembleia-geral do grupo, realizada nesta terça-feira em Amsterdã, nos Países Baixos.

Tavares irá receber 23,1 milhões de euros relativos ao exercício de 2024, além de 2 milhões em indenização e um bônus adicional de 10 milhões de euros, relacionado ao atingimento de metas estratégicas na transformação da companhia. O valor total ultrapassa os 35 milhões de euros.

Apesar da resistência de um número significativo de acionistas — cerca de 33% votaram contra a proposta de remuneração — o relatório foi aprovado com 66,9% dos mais de 1,5 bilhão de votos. A política de remuneração da Stellantis tem sido criticada ano após ano: em 2022, 52% dos acionistas rejeitaram o pacote; em 2023, foram 48%.

A AllianzGI, uma das gestoras que detém menos de 1% das ações da companhia, declarou publicamente que votaria contra os pagamentos neste ano. A consultoria Proxinvest também criticou a indenização paga a Tavares, alegando que, sendo uma saída voluntária, “não deveria ter sido paga qualquer compensação”.

Durante o encontro, o chairman da Stellantis, John Elkann, reconheceu que 2024 foi um ano decepcionante para o grupo automotivo. Os lucros despencaram de 18,6 bilhões de euros em 2023 para 5,52 bilhões de euros em 2024, o que gerou preocupações sobre a estratégia de gestão e sustentabilidade financeira da empresa.

Apesar da queda nos lucros, 99,8% dos acionistas aprovaram as contas de 2024, bem como a distribuição de dividendos, sinalizando uma confiança na recuperação futura do grupo.

Elkann, herdeiro da tradicional família Agnelli e líder do conselho da empresa, destacou que a saída de Tavares se deu por um “desalinhamento com o quadro de diretores” e afirmou que o grupo planeja anunciar o novo CEO ainda no primeiro semestre de 2025.

Entre as prioridades da Stellantis para este período de transição estão: redução de estoques, fortalecimento das operações regionais, e uma aproximação estratégica com distribuidores, fornecedores e sindicatos.

A Stellantis é o quarto maior grupo automotivo do mundo, reunindo marcas como Fiat, Citroën, Peugeot, Opel, Chrysler e Jeep.