Operação Policial em Portugal Investiga Tratamento Milionário de Gêmeos Brasileiros

 

Lisboa, 6 de junho de 2024 – A polícia portuguesa realizou uma operação no Ministério da Saúde e no Hospital Santa Maria, o maior do país, como parte de uma investigação sobre o tratamento médico de alto custo fornecido a gêmeos brasileiros. A operação visa determinar se houve concessão indevida de acesso preferencial ao tratamento, que custou cerca de R$ 23 milhões ao governo de Portugal.

A Procuradoria-Geral da República informou que estão sendo investigados possíveis crimes de prevaricação, abuso de poder e fraude qualificada. As buscas se estenderam também a escritórios da previdência social, outras unidades de saúde e residências particulares. No entanto, não foram divulgados os nomes dos funcionários suspeitos nem se há ligação direta com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Tratamento Milionário

Entre 2019 e 2020, os gêmeos, então com 15 meses de idade, foram tratados com Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo, utilizado no tratamento da atrofia muscular espinhal, uma doença hereditária rara e grave. O custo do tratamento, estimado em R$ 23 milhões, foi coberto pelo governo português. Não está claro há quanto tempo a família dos gêmeos residia em Portugal.

A mãe das crianças revelou em uma entrevista que, após enfrentar resistência de um médico para fornecer o medicamento, usou seus “contatos” para acelerar o processo, mencionando a nora do presidente como um dos contatos.

Envolvimento do Presidente

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que seu filho o contatou sobre a necessidade de tratar os gêmeos, mas negou qualquer envolvimento direto no caso. A situação gerou um debate sobre o uso de recursos públicos e se outros pacientes que necessitavam do mesmo tratamento foram preteridos.

Repercussões Políticas

O partido populista e anti-imigração Chega criticou o presidente conservador e o Ministério da Saúde, propondo a criação de um comitê parlamentar para analisar o caso. A questão levantou preocupações sobre a equidade no acesso a tratamentos médicos caros e a gestão dos recursos públicos.

Colaboração com as Investigações

Um porta-voz do Hospital Santa Maria afirmou que a instituição está colaborando com as autoridades na investigação. Já o Ministério da Saúde confirmou as buscas realizadas pela polícia, mas se recusou a fornecer detalhes adicionais.

A investigação continua e pode trazer novas revelações sobre a possível prática de crimes e o impacto no sistema de saúde português.