Eles são coloridos, saborosos e prometem inúmeros benefícios à saúde — de cabelos mais fortes a melhor imunidade. Os suplementos em formato de “gummies”, popularmente conhecidos como balas de vitaminas, conquistaram o público com sua aparência divertida e seu gosto adocicado. Mas, por trás da promessa de praticidade e bem-estar, especialistas alertam: nem tudo que parece saudável realmente é.
A principal preocupação está na forma como esses produtos são fabricados. Diferente das cápsulas e comprimidos tradicionais, os “gummies” exigem ingredientes como açúcares, corantes, aromatizantes e agentes de gelificação, que podem interferir na estabilidade dos nutrientes. Isso significa que, ao longo do tempo, as vitaminas presentes nessas balas podem perder parte de sua eficácia — e, em alguns casos, nem sequer atingir a dose indicada no rótulo.
Outro ponto que gera atenção é o teor de açúcar. Para torná-los palatáveis, muitos fabricantes adicionam grandes quantidades de sacarose ou xaropes de glicose. O resultado é um suplemento que se aproxima mais de uma guloseima do que de um produto terapêutico. O consumo frequente pode contribuir para o aumento de peso, picos de glicose e até problemas bucais, como a cárie. Mesmo as versões “sem açúcar” podem conter polióis e adoçantes que causam desconforto intestinal em pessoas sensíveis.
Além disso, o apelo visual e o sabor agradável fazem com que muitas pessoas ultrapassem a dose recomendada. Há registros de consumidores que, por acreditarem estar apenas comendo “vitaminas inofensivas”, ingerem quantidades muito superiores ao necessário. Esse hábito pode causar hipervitaminose — excesso de vitaminas no organismo —, com sintomas que variam de náuseas e tonturas a alterações hepáticas, dependendo da substância envolvida.
A instabilidade dos nutrientes é outro problema. Vitaminas como C e D são sensíveis à luz e ao calor, o que reduz sua potência ao longo do tempo. Armazenados de forma incorreta, os “gummies” podem perder boa parte de seus benefícios antes mesmo de serem consumidos.
Muitos especialistas também alertam para a falsa sensação de segurança que esses produtos transmitem. O formato agradável pode levar o consumidor a acreditar que está fazendo algo positivo para a saúde, quando, na prática, o ganho nutricional pode ser mínimo — especialmente em dietas equilibradas, onde a suplementação nem sempre é necessária.
Ainda há a questão da padronização. Como o mercado de suplementos é menos regulado que o de medicamentos, há variações consideráveis entre as marcas. Algumas oferecem produtos de qualidade, com testes laboratoriais e controle de dosagem; outras, no entanto, vendem versões sem certificação adequada ou com quantidades irregulares de vitaminas e minerais.
O ideal, segundo nutricionistas e médicos, é que qualquer suplementação — seja em goma, cápsula ou pó — seja feita com orientação profissional. Antes de escolher um produto, é importante analisar rótulos, evitar fórmulas com excesso de açúcar e desconfiar de promessas exageradas, como “crescimento milagroso de cabelo” ou “emagrecimento instantâneo”.
Em um mundo cada vez mais voltado à conveniência, os “gummies” representam a síntese do apelo moderno: saúde rápida, prática e saborosa. No entanto, o equilíbrio ainda é a chave. O formato pode ser mais agradável, mas o cuidado com a qualidade e a dosagem deve continuar sendo levado a sério. Afinal, quando o suplemento começa a parecer um doce, é hora de lembrar que nem toda bala faz bem à saúde.