Ministério Público Abre Inquérito ao Caso da Recusa de Socorro do Hospital de Évora

O Ministério Público (MP) decidiu abrir um inquérito para apurar as circunstâncias que levaram à recusa de atendimento a uma doente no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), um caso que gerou comoção nacional e levantou questões sobre a qualidade do serviço prestado na unidade de saúde. A decisão surge na sequência de uma denúncia pública feita pela família da vítima, que acusou o hospital de negligência após a paciente, de 58 anos, ter sido mandada para casa sem o tratamento adequado, vindo a falecer horas depois.
De acordo com o relato da família, a mulher, que sofria de graves problemas respiratórios, foi levada ao hospital na madrugada de um dia da semana passada. Apesar do seu estado crítico, terá sido avaliada por um médico que alegou não haver camas disponíveis e que a doente não apresentava sinais de urgência suficiente para justificar a sua admissão. Horas depois, já em casa, a paciente piorou rapidamente e acabou por falecer antes de conseguir regressar ao hospital.
O caso, amplamente divulgado nas redes sociais e pela comunicação social, gerou uma onda de indignação, com muitos a questionarem as condições de funcionamento do HESE e a alegada falta de recursos humanos e materiais. A direção do hospital já se pronunciou sobre o ocorrido, afirmando que “está a acompanhar a situação com a máxima atenção” e que “todos os procedimentos internos estão a ser revistos”. No entanto, a instituição não comentou especificamente as acusações de negligência.
A abertura do inquérito pelo Ministério Público visa agora apurar se houve, de facto, falhas no atendimento que possam ter contribuído para o desfecho trágico. O MP irá analisar o processo clínico da paciente, ouvir testemunhas e avaliar as condições de funcionamento do hospital na altura do incidente. Caso sejam encontradas provas de negligência, poderão ser instauradas responsabilidades criminais contra os profissionais envolvidos.
Entretanto, a família da vítima exige justiça e respostas concretas. “Ela foi mandada para casa como se não fosse nada, mas estava claramente mal. Queremos saber por que não foi tratada como devia”, desabafou um familiar em declarações ao CM. O caso reacendeu também o debate sobre a crise no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com especialistas e sindicatos a alertarem para a falta de médicos, enfermeiros e recursos em várias unidades hospitalares do país.
O Hospital de Évora, que serve uma vasta região do Alentejo, tem sido alvo de críticas recorrentes devido a longas listas de espera e à saturação dos seus serviços. Este incidente vem agravar a perceção pública sobre os desafios enfrentados pelo SNS, especialmente no interior do país, onde as dificuldades de acesso a cuidados de saúde são frequentemente mais pronunciadas.
Enquanto o inquérito do Ministério Público decorre, a comunidade local e os profissionais de saúde esperam que o caso sirva de alerta para a necessidade de investimento e reformas urgentes no sistema de saúde português. Por agora, a família da vítima aguarda respostas e justiça, enquanto o país reflete sobre mais um triste episódio que expõe as fragilidades do SNS.