O Fórum Econômico Mundial e a desigualdade global

O Fórum Econômico Mundial (FEM), que se define como uma organização internacional para a cooperação público-privada, realiza sua reunião anual em Davos, na Suíça, nesta semana. Até amanhã (24), figuras de destaque da economia mundial estão reunidas no evento.
O encontro é descrito por Mudabbir Ali, coordenador da organização Fight Inequality Alliance (Aliança para a Luta contra a Desigualdade, em tradução livre) no Paquistão, como “uma oportunidade para os principais países capitalistas se unirem para criar estratégias para salvar a ordem econômica neoliberal falida”. Para o ativista, o FEM “aspira trazer ao sistema capitalista maior concentração de riqueza e poder nas mãos de 1% dos super-ricos”.
Ali destaca que as decisões tomadas durante o evento “influenciam diretamente a condição econômica dos países em desenvolvimento no Sul Global”, como o Paquistão. Ele aponta que essa influência se manifesta por meio de desemprego, inflação e aumento da dívida externa desses países. “Também é importante notar que o desenvolvimento e a extravagância dos países ricos no Norte Global dependem da extração e expropriação de recursos dos países pobres no Sul Global”, afirmou. Segundo Ali, as decisões de Davos “reforçam a divisão entre pobres e ricos ao distorcer o sistema para proteger a elite global, já rica e poderosa”.
Embora o FEM afirme que busca criar soluções para problemas econômicos globais, organizações como o Fight Inequality Pakistan e o Pakistan Kissan Rabita Committee, uma entidade camponesa paquistanesa filiada à Via Campesina, articularam demandas ao Fórum para combater a desigualdade.
Dados recentes divulgados pela Oxfam reforçam a urgência dessas questões. Segundo um relatório publicado na segunda-feira (20), a riqueza combinada dos bilionários do mundo aumentou em US$ 2 trilhões (cerca de R$ 12 trilhões) em 2024, três vezes mais que o crescimento registrado no ano anterior. Em contraste, o número de pessoas em situação de pobreza permaneceu praticamente inalterado desde 1990.