Socialistas e Extrema-Direita se Unem Novamente para Bloquear Medida do Governo em Portugal
O governo minoritário de centro-direita de Portugal enfrentou mais um desafio nesta quarta-feira, quando o partido de extrema-direita Chega se aliou ao Partido Socialista para barrar um corte no imposto de renda destinado à classe média. Este movimento lança dúvidas sobre a aprovação do orçamento de 2025.
A proposta do governo, que previa uma redução de impostos para trabalhadores com rendimentos até 5.800 euros mensais, não passou no Parlamento. Todos os partidos de oposição de esquerda votaram contra, enquanto o Chega optou pela abstenção.
Em vez disso, os deputados aprovaram a proposta alternativa dos socialistas, que limitava o corte fiscal aos cidadãos de baixa renda, com salários brutos de até 2.850 euros. A abstenção da extrema-direita também foi crucial para essa aprovação.
“O Partido Socialista tem um cúmplice para bloquear o governo e um cúmplice contra a classe média. Esse cúmplice é o Chega”, declarou Hugo Soares, líder parlamentar do Partido Social Democrata.
Pedro Nuno Santos, líder socialista, defendeu a proposta de seu partido como “socialmente mais justa” em comparação à do governo, e destacou a necessidade de negociações com outros partidos.
Rui Afonso, parlamentar do Chega, afirmou que a proposta dos socialistas era mais favorável, pois beneficiava melhor os trabalhadores de baixa renda.
A coalizão conservadora Aliança Democrática, que venceu a eleição geral em março por uma margem estreita em relação aos socialistas, depende dos votos destes ou do Chega para aprovar legislações no Parlamento mais fragmentado dos últimos 50 anos.
Este não é o primeiro revés parlamentar do novo governo. No mês passado, o Chega se uniu aos socialistas para abolir os pagamentos de pedágio em oito rodovias, resultando em um aumento inesperado nos gastos públicos.
“O orçamento do Estado será o pilar da estabilidade do governo em Portugal”, observou o analista político Antonio Costa Pinto à emissora RTP.
A votação final sobre o orçamento do próximo ano está prevista para ocorrer até o final de novembro, um teste crucial para a estabilidade do governo.