PSP intervém em distúrbios durante despejo de mulher no Bairro Padre Cruz, em Lisboa
Confrontos entre moradores e polícia deixaram feridos e causaram transtornos no bairro; situação expõe tensões sociais e habitacionais na capital portuguesa
Um despejo no Bairro Padre Cruz, em Lisboa, resultou em violentos distúrbios na tarde desta quarta-feira (28), com confrontos entre moradores e agentes da Polícia de Segurança Pública (PSP). A intervenção policial foi necessária para garantir a execução de uma ordem de despejo contra uma mulher que ocupava ilegalmente uma habitação no bairro. A situação rapidamente escalou, com moradores atirando pedras e outros objetos contra os agentes, que responderam com gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
O incidente, que durou várias horas, deixou pelo menos três feridos, incluindo dois policiais e um morador. Além disso, houve danos materiais em viaturas policiais e em propriedades privadas. A PSP reforçou o patrulhamento na área para evitar novos confrontos e garantir a segurança no local.
O despejo que gerou revolta
A mulher despejada, de 52 anos, ocupava a casa há mais de dois anos, alegando não ter condições financeiras para pagar um aluguel. A propriedade pertence a um privado, que obteve uma ordem judicial para retomar o imóvel. A execução do despejo foi realizada com o apoio da PSP, mas a presença de dezenas de moradores do bairro, solidários com a mulher, transformou a ação em um cenário de tensão e violência.
“Ela não tem para onde ir. Estão a tirar o pouco que ela tem”, afirmou um morador durante os protestos. O Bairro Padre Cruz, um dos maiores bairros sociais da Europa, é conhecido por suas complexas questões habitacionais e sociais, com muitos residentes enfrentando dificuldades econômicas e falta de acesso a moradia digna.
Confrontos e tensão social
Os distúrbios começaram quando os moradores tentaram impedir fisicamente a remoção da mulher. A situação rapidamente se agravou, com o lançamento de pedras, garrafas e outros objetos contra os agentes da PSP. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e cargas para dispersar a multidão, mas os confrontos se estenderam por várias horas, bloqueando o trânsito e causando pânico entre os residentes.
“Estamos aqui para garantir a execução da ordem judicial, mas também para proteger a segurança de todos”, afirmou um porta-voz da PSP. A polícia destacou que a ação foi realizada dentro da legalidade, mas reconheceu a sensibilidade do caso e a necessidade de diálogo para evitar situações semelhantes no futuro.
Reações e críticas
O incidente reacendeu o debate sobre a crise habitacional em Lisboa e a falta de políticas públicas eficazes para garantir moradia acessível à população de baixa renda. Associações de moradores e ativistas criticaram a forma como o despejo foi conduzido, argumentando que a situação poderia ter sido resolvida de maneira mais humana.
“Este caso é mais um exemplo de como a falta de habitação acessível está criando tensões sociais insustentáveis. Precisamos de soluções urgentes, não de mais violência”, afirmou um representante de uma organização não governamental que atua no bairro.
Por outro lado, o proprietário do imóvel defendeu a legalidade da ação, afirmando que tentou negociar com a ocupante por meses antes de recorrer à justiça. “Não é justo que eu seja penalizado por uma situação que não criei. A lei precisa ser cumprida”, disse.
Próximos passos
Após o despejo, a mulher foi encaminhada para um alojamento temporário fornecido pela Câmara Municipal de Lisboa, que se comprometeu a acompanhar o caso e buscar uma solução definitiva. A autarquia também anunciou que vai reforçar os programas de apoio habitacional no Bairro Padre Cruz, visando evitar novos conflitos.
Enquanto isso, a PSP mantém um reforço policial na área para garantir a ordem e evitar novos distúrbios. O caso, no entanto, deixa claro a necessidade de políticas públicas mais eficazes para lidar com a crise habitacional em Lisboa, um problema que continua a gerar tensões e desafios na capital portuguesa.
Com informações da PSP e da Câmara Municipal de Lisboa.