Escolas sem TPC e pais que desesperam com a quantidade deles: “Às vezes são 23 horas e eles ainda estão a fazer os trabalhos”

 

O debate sobre a quantidade e a utilidade dos trabalhos de casa (TPC) continua a dividir opiniões entre pais, educadores e especialistas em educação. Enquanto algumas escolas em Portugal têm adotado políticas para reduzir ou até eliminar os TPC, muitos pais relatam que os filhos passam horas intermináveis a completar tarefas escolares em casa, muitas vezes até altas horas da noite.

De acordo com relatos partilhados com a CNN Portugal, há casos em que crianças e adolescentes chegam a estar acordados até às 23 horas para terminar os trabalhos de casa. “Às vezes são 23 horas e eles ainda estão a fazer os TPC. É desgastante para eles e para nós, pais, que tentamos ajudar”, desabafou uma mãe, que preferiu não ser identificada.

Este cenário contrasta com a realidade de algumas escolas que decidiram abolir ou limitar significativamente os TPC. Essas instituições defendem que o tempo em família e o descanso são essenciais para o desenvolvimento das crianças, e que o excesso de trabalhos de casa pode gerar stress e prejudicar o desempenho escolar. “Acreditamos que o aprendizado deve acontecer principalmente na sala de aula. Em casa, as crianças precisam de tempo para brincar, descansar e estar com a família”, explicou uma professora de uma escola que adotou essa política.

No entanto, nem todos concordam com essa abordagem. Alguns pais e educadores argumentam que os TPC são importantes para consolidar o conhecimento adquirido em sala de aula e para ensinar os alunos a gerir o tempo e a assumir responsabilidades. “Os trabalhos de casa são uma forma de reforçar o que foi aprendido e de preparar os alunos para desafios futuros”, defendeu um professor do ensino básico.

A discussão ganhou ainda mais relevância nos últimos anos, com estudos a apontarem para os possíveis impactos negativos do excesso de TPC, como o aumento do stress e a redução do tempo para atividades extracurriculares e de lazer. Por outro lado, há também pesquisas que sugerem que uma quantidade moderada de trabalhos de casa pode ser benéfica, especialmente para alunos mais velhos.

Enquanto o debate continua, muitos pais encontram-se divididos entre apoiar as políticas das escolas que eliminam os TPC e a preocupação de que a falta de prática em casa possa afetar o rendimento escolar dos filhos. “É difícil encontrar um equilíbrio. Queremos que os nossos filhos tenham tempo para ser crianças, mas também queremos que estejam preparados para o futuro”, refletiu outro encarregado de educação.

O tema dos TPC permanece como uma das questões mais complexas no âmbito da educação, com opiniões divergentes e realidades muito diferentes entre escolas e famílias. Enquanto não há um consenso, pais, professores e especialistas continuam a buscar soluções que equilibrem o aprendizado eficaz com o bem-estar das crianças e adolescentes.