Morreu Maria Teresa Horta, uma das “Três Marias” que sempre defendeu as mulheres e a liberdade

 

A escritora e poetisa Maria Teresa Horta, uma das vozes mais emblemáticas do feminismo em Portugal e figura central da literatura portuguesa, faleceu aos 89 anos. Conhecida por sua luta incansável pelos direitos das mulheres e pela liberdade de expressão, Horta deixa um legado literário e político que marcou gerações.

Nascida em Lisboa em 1937, Maria Teresa Horta destacou-se não apenas pela sua escrita, mas também pela coragem com que enfrentou a censura durante o regime salazarista. Foi uma das autoras da obra Novas Cartas Portuguesas, escrita em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, publicada em 1972. O livro, que abordava temas como a opressão das mulheres e a luta pela liberdade, foi imediatamente censurado e levou as autoras a serem julgadas no chamado “Caso das Três Marias”. O processo ganhou repercussão internacional, transformando-se num símbolo da resistência feminista e da luta contra a ditadura.

“Quanto mais me proíbem, mais eu faço”, era uma das frases que resumiam o espírito combativo de Maria Teresa Horta. Ao longo da vida, ela manteve-se fiel a essa máxima, escrevendo e defendendo causas como a igualdade de género, a liberdade sexual e os direitos das mulheres. A sua obra literária, que inclui poesia, romance e ensaios, é marcada por uma linguagem forte e provocadora, que desafiava convenções sociais e questionava o lugar da mulher na sociedade.

Além de Novas Cartas Portuguesas, Horta publicou dezenas de livros, entre eles Minha Senhora de Mim (1971), Ema (1984) e As Luzes de Leonor (2011), este último dedicado à vida de Leonor da Fonseca Pimentel, uma figura histórica que lutou pela liberdade durante o século XVIII. A sua escrita, muitas vezes autobiográfica, refletia as suas vivências e a sua visão do mundo, sempre com um olhar crítico e transformador.

A morte de Maria Teresa Horta foi lamentada por diversas personalidades e instituições, que destacaram o seu papel como pioneira do feminismo em Portugal e a sua contribuição para a cultura e a sociedade. A sua vida e obra continuarão a inspirar aqueles que lutam por um mundo mais justo e igualitário.

Maria Teresa Horta deixa um vazio no panorama cultural português, mas também um legado que permanecerá vivo através das suas palavras e da sua luta. Como ela própria diria, a sua voz nunca será silenciada.