Conflito entre Israel e Irão agrava‑se sem perspectivas de cessar-fogo

Benjamim Netanyahu

O conflito entre Israel e Irão atingiu já o quarto dia, marcado por retaliações sucessivas que, longe de se amenizarem, intensificam-se em ritmo acelerado. No prolongar de um ciclo de ataques mútuos, as duas nações mostram estar cada vez mais longe de um cessar-fogo, com manifestações de força bem presentes — num jogo reconhecido por nenhum dos lados como aberto à negociação.

Durante a tarde de domingo, o Irão lançou uma nova ofensiva sobre território israelita, a primeira a ocorrer à luz do dia desde o início do confronto. Os satélites e sensores de vigilância registaram um número significativo de lançamentos de mísseis — uma demonstração clara da disposição tecida por Teerão em manter o ataque e elevar a pressão. Esta ação coincide com um momento de grande tensão diplomática, em que aliados regionais e internacionais acompanham de forma nervosa a escalada.

Do outro lado, Israel não se fez esperar. Em resposta, as Forças de Defesa israelitas intensificaram os bombardeamentos a locais militares estratégicos na República Islâmica. Na noite anterior, já tinham atingido cerca de 80 infraestruturas críticas iranianas, incluindo alvos sensíveis como o Ministério da Defesa e instalações associadas ao programa nuclear do país. A mensagem israelita permanece firme: quem ataca Israel pode esperar uma resposta proporcional — ou até superior.

Este ciclo de ataque e retaliação rapidamente ultrapassou o quadro de confrontos anteriores entre os países. A novidade em relação ao passado recente está na dimensão noturna e na estratégia de strikes simultâneos contra alvos civis e militares. Os recentes bombardeamentos atingiram centros urbanos, silos de munições e instalações estratégicas no coração iraniano, juntando-se ao ataque do Irão, que tem vindo a focalizar zonas fronteiriças e rede de infraestruturas israelitas, com impacto direto na tranquilidade daquilo que ainda funciona como zonas residenciais.

A escalada militar tem provocado consequências humanitárias notórias. Civis têm sido obrigados a procurar refúgio em abrigos antiaéreos, enquanto governos vizinhos alertam para uma eventual onda de deslocações forçadas. Os sistemas de contingência israelitas e iranianos — incluindo alertas via apps e sirenes — evidenciam o receio latente entre populações habituadas a décadas de conflito indirecto.

No plano diplomático, o panorama também se mantém estagnado. Apelos ao diálogo têm sido lançados por entidades internacionais, incapazes, porém, de exercer influência suficiente para interromper a espiral belicista. A União Europeia, os Estados Unidos e até a ONU exerceram forte pressão para a desescalada, mas até agora sem resposta concreta por parte dos atores em campo.

Apesar dos pedidos de moderação, o que se observa é uma firme determinação de cada lado em afirmar poder militar, impondo custos elevados ao adversário. Esta vontade de “responder na mesma moeda” prolonga-se sem desesperança de pausa. A retórica oficial de Israel sugere que este não aceitará qualquer negociação antes de atingir os objetivos considerados essenciais à sua segurança nacional — entre eles a neutralização da ameaça nuclear iraniana. Por sua vez, o Irão declara estar a agir em legítima defesa, incapaz de tolerar campanhas aéreas destinadas a sabotar o seu programa estratégico.

Numa altura em que a comunidade internacional pede contenção, o terreno revela que a guerra — ainda que limitada em extensão — não conhece sinais de abrandamento. O conflito financeiro, diplomático e militar mantém-se. E enquanto esse equilíbrio letal não for quebrado, nem Israel nem Irão encetam passos que permitam a abertura de um fluxo de negociação sério.

O desfecho permanece incerto. Mas um dado é claro: com cada novo ataque, cresce o risco de escalada para uma confrontação mais ampla. A paz, por ora, parece suficientemente distante para que nenhum aceno de cessar-fogo seja considerado exequível.