Ministra da Saúde Pede Inspeção para Averiguar Caso de Recusa de Socorro em Évora

ministra da Saúde, Ana Paula Martins
A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ordenou uma inspeção urgente ao Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) para apurar as circunstâncias que levaram à recusa de atendimento a uma doente de 58 anos, que acabou por falecer horas após ter sido mandada para casa. O caso, que chocou o país e reacendeu o debate sobre as condições do Serviço Nacional de Saúde (SNS), está também a ser investigado pelo Ministério Público, que abriu um inquérito para avaliar possíveis negligências.
A decisão da ministra surge após o relato da família da vítima, que denunciou publicamente a situação. De acordo com o testemunho, a mulher, que sofria de graves problemas respiratórios, foi levada ao hospital na madrugada de um dia da semana passada. Apesar do seu estado crítico, terá sido avaliada por um médico que alegou não haver camas disponíveis e que a doente não apresentava sinais de urgência suficiente para justificar a sua admissão. Horas depois, já em casa, a paciente piorou rapidamente e acabou por falecer antes de conseguir regressar ao hospital.
Em comunicado, o gabinete da Ministra da Saúde afirmou que “a situação ocorrida no Hospital de Évora é grave e exige uma análise detalhada e transparente”. A inspeção, que será conduzida pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), terá como objetivo avaliar os procedimentos clínicos adotados, as condições de funcionamento do hospital e a eventual existência de falhas no atendimento. “É imperativo garantir que situações como esta não se repitam”, acrescentou o comunicado.
A direção do HESE já se pronunciou sobre o caso, afirmando que “está a acompanhar a situação com a máxima atenção” e que “todos os procedimentos internos estão a ser revistos”. No entanto, a instituição não comentou especificamente as acusações de negligência, limitando-se a garantir que está a cooperar com as autoridades competentes.
O caso reacendeu o debate sobre a crise no SNS, com especialistas e sindicatos a alertarem para a falta de médicos, enfermeiros e recursos em várias unidades hospitalares do país. O Hospital de Évora, que serve uma vasta região do Alentejo, tem sido alvo de críticas recorrentes devido a longas listas de espera e à saturação dos seus serviços. Este incidente vem agravar a perceção pública sobre os desafios enfrentados pelo SNS, especialmente no interior do país, onde as dificuldades de acesso a cuidados de saúde são frequentemente mais pronunciadas.
A família da vítima exige justiça e respostas concretas. “Ela foi mandada para casa como se não fosse nada, mas estava claramente mal. Queremos saber por que não foi tratada como devia”, desabafou um familiar em declarações ao Público. O caso já gerou uma onda de indignação nas redes sociais, com muitos a questionarem as condições de funcionamento do HESE e a alegada falta de recursos humanos e materiais.
Enquanto a inspeção da IGAS e o inquérito do Ministério Público decorrem, a comunidade local e os profissionais de saúde esperam que o caso sirva de alerta para a necessidade de investimento e reformas urgentes no sistema de saúde português. Por agora, a família da vítima aguarda respostas e justiça, enquanto o país reflete sobre mais um triste episódio que expõe as fragilidades do SNS.